O que permanece e o que já se perdeu entre esquinas, festas de aniversário e encontros? O passado deixa marcas, evocando a nostalgia que nos acompanha. danilowoz (2022)
O livro Istambul: memória e cidade (2003), do escritor Nobel Orhan Pamuk, é uma obra profundamente impregnada pelo sentimento de saudade, que se revela tanto na relação do autor com a cidade quanto em sua própria trajetória pessoal.
Pamuk mergulha no conceito turco de hüzün. Hüzün é definida como uma melancolia que permeia a alma de Istambul e de seus habitantes, uma espécie de orgulho coletivo do passado. Esse sentimento dialoga com a nossa saudade: uma emoção rica e complexa, que mistura a nostalgia do que já foi com o anseio por algo que talvez nunca tenha sido completamente vivido. Sentimento que perpassa trilhos de trem, rodoviárias, placas e mercadinhos que cruzamos de vista e numa certa infância fez-se presente.
No livro, Pamuk retrata Istambul de forma íntima e sensível, trazendo à tona memórias de sua infância e juventude, enquanto reflete sobre a história da antiga capital do Império Otomano e as transformações que marcaram seu destino ao longo dos anos.
O que dá a uma cidade o seu caráter especial não é a sua topografia e nem seus edifícios, mas antes o somatório de todos os encontros casuais, de todas as memórias, de todas as letras, de todas as cores e imagens que coalham a memória superpovoada dos seus habitantes. (p. 161)
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