sábado, 18 de maio de 2024

Os amores líquidos na era digital - Zygmunt Bauman

Gustav Klimt

Em “Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos” o sociólogo polonês Zygmunt Bauman discorre sobre as relações humanas na era moderna e suas fragilidades, sobretudo relações amorosas, que exigem um apego e apelo emocional maior.

Bauman comenta neste livro sobre as relações na era digital, como se comportam os usuários-amantes. Na insustentável frieza do ser, o romantismo tecnológico é feito de engates e desates, encontros e desencontros. As relações virtuais são frágeis e podem terminar na mesma velocidade que começam: rápido. 

No entanto, Bauman defende que não podemos culpar o avanço tecnológico e suas engenhocas por esse distanciamento, que é muito mais resultado de nossa fragilidade.

A solidão por trás da porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer uma condição menos arriscada e mais segura do que compartilhar o terreno doméstico comum.

Tal comportamento também parece revelar a solidão e o desinteresse em progredir e cuidar de uma nova relação, preferindo a solidão e os relacionamentos esporádicos.

A facilidade do desengajamento e do rompimento (a qualquer hora) não reduzem os riscos, apenas os distribuem de modo diferente, junto com as ansiedades que provocam.

Os amores líquidos na era digital podem machucar tanto quanto uma relação ultra-romântica do século XVIII. O que faz dele líquido e aparentemente frio é a velocidade de sua substituição, trata-se apenas de um like para começar ou um bloquear para acabar. 

BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro, Zahar, 2004.

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