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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Deus não conversa, um livreto de Pedro Port

Há poucos anos atrás, minha irmã voltou de Floripa com um livreto alaranjado, seu título era Deus não conversa. Era um livro do poeta gaúcho Pedro Port, publicado pela Edições Delos, uma iniciativa própria do autor com apoio do artista franco-manezinho Rodrigo de Haro (1939-2021) e Idésio Leal, também da Ilha.

Pela finura do livreto, que se mescla aos zines e livros mais grossos, Deus não conversa perdeu-se na estante. Mas reencontrado, agora encontra, aqui no blog, um lugar. 

Seja bem-vindo, Pedro Port.

Quem é Pedro Port?

livro fino com homem desenhado em traços na capa

Pedro Port nasceu no ano de 1941 em Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, cidade cortada pelo rio Jacuí na porção central do estado. Academicamente, formou-se em Filosofia pela federal gaúcha e, partindo para literatura, cursou pós-graduação na área na UFSC. 

A carreira literária, a qual importa aqui, iniciou em 1964, em uma antologia poética (Poesia Vezes Três). E a partir dali, deslanchou-se em outros escritos e publicações.

Assim como muitos, chegou em Florianópolis e ancorou por lá. Tanto que, foi em Floripa que minha irmã encontrou o livro laranja, numa formato bem artesanal, fazendo jus à poesia de bar, de rua, de mercado, de praça e de quintal.

Tentei buscar por onde anda Pedro Port, mas infelizmente não encontrei informações atualizadas sobre o poeta até o final deste post (26/10/2025).

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Para cortar as amarras: Atira para o mar (Renata Pallottini)

 Quando decidimos ir, não há quem mude nossa ideia. E não há nada mais bonito que ir, respeitando a liberdade, respeitando a si mesmo - talvez o maior ato de amor e amor-próprio que podemos fazer.

Um poema sobre liberdade que mexe comigo há mais tempo do que posso lembrar é o Atira para o mar de Renata Pallottini, escritora brasileira que se destacou, sobretudo, na dramaturgia nacional. 

Dá uma lida abaixo e diz pra mim o que tu sente ao ler:

Atira para o mar as tuas coisas

abandona os teus pais

muda de nome


esquece a pátria

parte sem bagagem

fica mudo e ensurdece

abre os teus olhos.


Se o teu amor não vale tudo isso

então fica onde estás

gelado e quieto.


O amor só sabe ir de mãos vazias

e só vale se for

o único projeto.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

O que restou do Itabirito

Minas Gerais é o berço da mineração no país e também do poeta Carlos Drummond de Andrade. Em 1965, ele escreveu um poema-alerta sobre o Pico Itabirito, um amontoado rochoso constituído de minério de ferro com aproximadamente 1586 metros de altura.

Pico Itabirito em 1956 | Vitto Rocco Melillo / IEPHA-MG

O Pico Itabirito está localizado na região da Serra das Serrinhas em Itabira, uma cidadezinha no centro de Minas Gerais. O Pico encontra-se em uma área potencialmente atrativa para as mineradoras de ferro. Em 1940, o terreno foi vendido para uma companhia britânica de mineração e atualmente pertence à Vale.

sábado, 12 de outubro de 2024

Manoel de Barros: a necessidade de ser rio, folha, pedra…


Menino do Mato (2010) é um livro de Manoel de Barros que reúne poemas que abraçam a natureza, o verde, a pedra, a primavera, o sol e tudo que compõe o universo do poeta da roça. O texto marcado pela linguagem simples do poeta matogrossense explora sua relação com a natureza. Um mergulho na infância e na simplicidade da roça com poemas impregnados de uma visão única do mundo:


Eu queria ser banhado por um rio como um sítio é.

Como as árvores são.

Como as pedras são.

Eu fosse inventado de ter uma garça e outros pássaros em minhas árvores.

Eu fosse inventado como as pedrinhas e as rãs em minhas areias.

Eu escorresse desembestado sobre as grotas e pelos cerrados como os rios.

Sem conhecer nem os rumos como os andarilhos.

Livre, livre é quem não tem rumo.


Aqui, o rio, as árvores e as pedras representam estados de ser. O desejo de "ser banhado por um rio como um sítio é" e "como as árvores são" demonstra uma profunda aspiração por uma integração completa e harmoniosa com o ambiente natural.

sábado, 29 de junho de 2024

Quero morrer escrevendo (Dorly Antônio Follmann)

Joyce Hankins (Unsplash)

Eu também quero. Em Cantos da Cigarra: ensaiando primaveras, Dorly Antônio Follmann nos presenteia com 53 poemas sensíveis. Mais do que versos de um professor de Língua Portuguesa, encontramos a alma de um poeta que busca na escrita a fuga e o prazer.

Escrevo para quem ainda tem fome,

Para quem já encheu o vazio da solidão

E agora tem à mão a fartura.

Escrevo para quem tem alma pura

E coração carregadinho de amor

Escrevo…

O frasco virou

Escrevo…

Hoje é moda.

Quero ocupar o tempo,

Quero sentir o afago das palavras

Caindo no papel.

Escrevo…

Puro fel na cicatriz do tempo.

Escrevo…

O vento vai tombando a dor.

Quero morrer escrevendo

Mil versos pro meu amor.

Minha memória guarda o encontro com Dorly na Biblioteca Pública de Guaramirim, local onde trabalhei. Sua presença, mesmo em uma breve conversa no balcão de atendimento, foi suficiente para revelar a paixão que o consumia: a poesia.

Dorly transforma a escrita em um portal para a liberdade, um escape da realidade mundana. Cada verso é um refúgio, um bálsamo para a alma. A linguagem se torna um instrumento de fuga e prazer, permitindo ao poeta explorar as profundezas de seus sentimentos e pensamentos.

sábado, 1 de junho de 2024

Poesia e colagem: Bananas Podres (Ferreira Gullar)

Bananas Podres

Publicado em 2011 pela editora Casa da Palavra, Bananas Podres, do poeta maranhense Ferreira Gullarcompila os poemas “Bananas Podres”, “Bananas Podres 2”, publicados primeiramente em Na vertigem do dia (1975-80), e “Bananas Podres 3”, “Bananas Podres 4” e “Bananas Podres 5”, publicados na obra Em Alguma Parte Alguma (2010).

sábado, 25 de maio de 2024

Analisando o poema "Imagem” de Arnaldo Antunes

Quais são as possibilidades dos nossos olhos? O poema "Imagem", do poeta e músico Arnaldo Antunes, apresenta uma série de palavras que se associam ao sentido visão.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Requisitos para tecer uma manhã - análise de "Tecendo a manhã" (João Cabral de Melo Neto)




Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito de um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.