sábado, 1 de junho de 2024

Poesia e colagem: Bananas Podres (Ferreira Gullar)

Bananas Podres

Publicado em 2011 pela editora Casa da Palavra, Bananas Podres, do poeta maranhense Ferreira Gullarcompila os poemas “Bananas Podres”, “Bananas Podres 2”, publicados primeiramente em Na vertigem do dia (1975-80), e “Bananas Podres 3”, “Bananas Podres 4” e “Bananas Podres 5”, publicados na obra Em Alguma Parte Alguma (2010).

A reedição destes poemas apresenta agora colagens do artista, além da escrita à mão nas páginas do livro. Esse caráter artesanal da obra possibilita ao leitor certa intimidade com o poeta e colagista. 

esse outubro essa tarde era um Nordeste / desdobrado em caatingas e castigos / na lepra do verão / uma ciranda / de rostos consumidos / de olhares humanos entre trapos / na poeira de fogo / o meu Nordeste / um mulambo / embrulhado num relâmpago (Bananas Podres 2)

Conhecendo Ferreira Gullar, saberemos que, para além da literatura, o poeta enveredou-se pelas artes plásticas, com colagens e gravuras nascidas do acaso e das percepções sobre a vida, morte e arte.

Em tudo aqui há mais passado que futuro / mais morte do que festa: / neste / banheiro / de água salobra e sombra / muito mais que de mar / há de floresta (Bananas Podres)

A poesia e a colagem unem-se nesta obra, demonstrando que os dois ofícios podem construir um sentido muito além do texto verbal.

GULLAR, Ferreira. Bananas podres. Rio de Janeiro: Casa da palavra, 2011.

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