Atira para o mar as tuas coisas
abandona os teus pais
muda de nome
esquece a pátria
parte sem bagagem
fica mudo e ensurdece
abre os teus olhos.
Se o teu amor não vale tudo isso
então fica onde estás
gelado e quieto.
O amor só sabe ir de mãos vazias
e só vale se for
o único projeto.
segunda-feira, 19 de maio de 2025
Para cortar as amarras: Atira para o mar (Renata Pallottini)
sexta-feira, 21 de março de 2025
"Lua crescente em Amsterdã" e os perrengues de viagem
Lua crescente em Amsterdã, conto de Lygia Fagundes Telles presente no livro Seminário dos Ratos (1977), é uma narrativa que mistura o cotidiano com o fantástico. A história acompanha um casal que, além de estar sem dinheiro, enfrenta dificuldades de comunicação em um país estrangeiro.
Entre diálogos cortantes e reflexões existenciais, o conto leva o leitor a um desfecho inesperado, marcado pela metamorfose dos personagens.
sexta-feira, 14 de março de 2025
O lar desconstruído em Apelo (Dalton Trevisan)
O pequeno conto Apelo de Dalton Trevisan aborda perda e saudade, explorando a desordem emocional e doméstica causada pela ausência de uma mulher. Através da voz de um marido aflito, Trevisan revela a dependência emocional e prática em relação à figura feminina, um reflexo dos estereótipos de gênero presentes na sociedade.
Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.
Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Análise breve de Misto-quente (Bukowski)
Heinrich Karl Bukowski nasceu em Andernach, Alemanha, em 1920. Aos 3 anos, mudou-se para os Estados Unidos. Pequeno demais para viver a Era do Jazz, Bukowski seguiu por linhas mais outsiders e mundanas. Viveu por 50 anos em Los Angeles e faleceu em 9 de março de 1994, aos 73 anos.
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Joshua Coleman - Unsplash |
Seu romance Ham on Rye (1982), em português Misto-quente um exemplo e resumo notável de sua literatura. Trata-se de um romance semi-autobiográfico que apresenta Henry Chinaski, o alterego de Bukowski.
sábado, 25 de maio de 2024
Analisando o poema "Imagem” de Arnaldo Antunes
sábado, 27 de abril de 2024
American Haiku: Jack Kerouac e o haicai da Quinta Avenida
sábado, 13 de abril de 2024
Jack Kerouac: um refúgio chamado Desolation Peak
Desolação, Desolação
por isso você
Mereceu seu nome?
Pode ter sido nos anos 50, beirando os 60, que Jack Kerouac decidiu se inscrever como brigadista de incêndio na floresta de Mount Baker, mais especificamente no Pico da Desolação, ou Desolation Peak, em Washington.
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Foto: Zach Goldberg |