Este texto é sobre um livro triste. Ou seria apenas sobre a vida? Falo aqui de uma tristeza moldada por silêncios, abandonos e pela forma como aprendemos a perceber a dor.
O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação (2014), do escritor japonês Haruki Murakami é obra que não fala apenas sobre perda, mas sobre o que significa ser deixado para trás e ainda assim continuar existindo.
Nas mais de trezentas páginas, Tsukuru, o protagonista melancólico, caminha de mãos dadas com a solidão. O ponto de partida é um abandono marcante na juventude, não de família, mas de amigos. Em um momento de transição da adolescência para a vida adulta, Tsukuru é expulso, sem explicações, do círculo de quatro amigos que pareciam inseparáveis. Esse grupo tinha cor (Vermelho, Azul, Preta e Branca) enquanto ele era o incolor.
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Lex Sirikiat | Unsplash |