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sábado, 12 de outubro de 2024

Manoel de Barros: a necessidade de ser rio, folha, pedra…


Menino do Mato (2010) é um livro de Manoel de Barros que reúne poemas que abraçam a natureza, o verde, a pedra, a primavera, o sol e tudo que compõe o universo do poeta da roça. O texto marcado pela linguagem simples do poeta matogrossense explora sua relação com a natureza. Um mergulho na infância e na simplicidade da roça com poemas impregnados de uma visão única do mundo:


Eu queria ser banhado por um rio como um sítio é.

Como as árvores são.

Como as pedras são.

Eu fosse inventado de ter uma garça e outros pássaros em minhas árvores.

Eu fosse inventado como as pedrinhas e as rãs em minhas areias.

Eu escorresse desembestado sobre as grotas e pelos cerrados como os rios.

Sem conhecer nem os rumos como os andarilhos.

Livre, livre é quem não tem rumo.


Aqui, o rio, as árvores e as pedras representam estados de ser. O desejo de "ser banhado por um rio como um sítio é" e "como as árvores são" demonstra uma profunda aspiração por uma integração completa e harmoniosa com o ambiente natural.