sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Existência e revolta: O homem revoltado (Camus)

Um rosto mais do que humano, triste como o universo, belo como o suicídio.
| collage: delírio recortado

O que é um revoltado? Um homem que diz não.

Falar sobre revolta é abordar a própria essência da existência humana. Desde o nascimento até a morte, vivemos em uma constante batalha de ideias, onde a mente se confronta com discursos que aceitamos ou rejeitamos, moldando nossa forma de conviver em sociedade.

Em o Homem Revoltado, Albert Camus não oferece respostas simples à vida. Ele convida à reflexão sobre a complexidade da existência, onde a revolta não é apenas um ato de oposição, mas uma declaração de que a vida, apesar de tudo, deveria ser vivida com consciência e resistência.

Para Albert Camus, viver é rebelar-se. A revolta é a afirmação da própria vida. Dizer "não" é um ato que reafirma a presença e a resistência do indivíduo frente a imposições do mundo. 

O louco e o ignorante

Camus traz uma reflexão profunda sobre o suicídio. Para ele, a única revolta absolutamente coerente seria a de tirar a própria vida, pois seria uma negação definitiva das regras impostas pelo mundo. 

No entanto, os que não seguem esse caminho vivem entre dois extremos: a loucura diante do absurdo ou, ainda, a rendição à ostentação e à banalidade, conformados com a superficialidade da vida.

Aqueles que recusaram qualquer outra regra ao mundo que criaram, a não ser a do desejo e a da força, correram para o suicídio ou para a loucura e anunciaram o apocalipse. Os outros, que quiseram criar as regras por sua própria força, escolheram a vã ostentação, a aparência ou a banalidade; ou ainda o assassinato e a destruição. (p. 122)

 CAMUS, Albert. O Homem Revoltado. Rio de Janeiro: Edições BestBolso, 2020.

2 comentários:

  1. Camus é muito complexo, trás o medo de encararmos de fato a vida, o suicidio como trata não é uma revolta é a fuga a condição humana

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