Atira para o mar as tuas coisas
abandona os teus pais
muda de nome
esquece a pátria
parte sem bagagem
fica mudo e ensurdece
abre os teus olhos.
Se o teu amor não vale tudo isso
então fica onde estás
gelado e quieto.
O amor só sabe ir de mãos vazias
e só vale se for
o único projeto.
Eu ainda sinto arrepio em cada estrofe. É um poema de estrutura livre, sem rimas, sem contagens silábicas - sem rodeios! Uma marca da literatura contemporânea, no caso, poesia. Esta é uma escrita em consonância com o que o texto representa.
Esse poema é sobre sermos livres, mas, sobretudo, como eu disse acima, sobre respeitarmos os nossos próprios desejos - seja ele solo ou compartilhado.
Ainda que a poetisa fale sobre amor, entendo isso como uma ação, e não como um sentimento - aquele tão conhecido, tão poetizado, tão comercializado. Renata Pallottini não escreveu um poema, mas sim uma ode à liberdade e ao amor-próprio.
Combina com esse poema: A terra dos meninos pelados de Graciliano Ramos. Conheça esse romance aqui.
Senti que não entendi o poema. Adorei.
ResponderExcluirA poesia cumprindo um de seus papéis.
Excluir