sábado, 4 de maio de 2024

Notas sobre "As Portas da Percepção" e "Céu e Inferno" (Aldous Huxley)


As Portas da Percepção" e "Céu e Inferno" são dois ensaios publicados pelo escritor britânico Aldous Huxley na década de 50. Versados com a consciência sob efeito da mescalina, Huxley expõe sua percepção sobre os mais variados temas que envolvem a nossa existência.

Linguagem

Cada um de nós é, a um só tempo, beneficiário e vítima da tradição linguística dentro da qual nasceu - beneficiário, porque a língua nos permite o acesso aos conhecimentos acumulados oriundos da experiência de outras pessoas; vítimas, posto que isso nos leva a crer que esse saber limitado é a única sabedoria que está a nosso alcance; e isso subverte nosso senso de realidade, fazendo com que consideremos essa noção com a expressão da verdade e nossas palavras como fatos reais.

Para Huxley, somos beneficiários e vítimas da tradição linguística em que nascemos. Aqui também pode-se pensar no papel da língua na construção da nossa realidade e outras realidades subjetivadas.


Ansiedade 

Somos animais, o que mais nos preocupa é viver a todo custo.

O impulso para fugir a nós mesmos e ao que nos rodeia está presente em cada um de nós, quase que todo o tempo. 
autor expõe sobre o homem moderno e seus anseios exagerados de ser tudo e, que me parece, na roda dos dias, no fim, ser nada.


Solidão

Vivemos, agimos e reagimos uns com os outros; mas sempre, e sob quaisquer circunstâncias, existimos a sós. Os mártires penetram na arena de mãos dadas; mas são crucificados sozinhos. Abraçados, os amantes buscam desesperadamente fundir seus êxtases isolados em uma única autotranscedência; debalde. Por sua própria natureza, cada espírito, em sua prisão corpórea, está condenado a sofrer e gozar em solidão. Sensações, sentimentos, concepções, fantasias – tudo isso são coisas privadas e, a não ser por meio de símbolos, e indiretamente, não podem ser transmitidas. Podemos acumular informações sobre experiências, mas nunca as próprias experiências. Da família à nação, cada grupo humano é uma sociedade de universos insulares.
Famílias, nações, toda a humanidade, segundo o autor, são compostas por indivíduos aprisionados em seus próprios mundos interiores.

Passado

O passado não é coisa fixa e inalterável. Suas realidades vão sendo redescobertas a cada geração, seus valores sofrem reavaliações, seus significados recebem novas definições, de acordo com as tendências e preocupações da época. 

Aqui, a imutabilidade do passado é descartada pelo simples fato que é necessário ressignificar cada episódio vivido, seja um novo olhar. O passado não é um conjunto de fatos objetivos, mas sim uma construção social moldada por diferentes perspectivas.


Leia também: A sociedade ideal em “A Ilha” (Aldous Huxley)


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