Em O Testamento de Oscar Wilde (1983), Peter Ackroyd, escritor conhecido no meio literário como um dos grandes biógrafos do Reino Unido, abusa da linguagem wildeana para tornar a público a vida (quase) real de Oscar Wilde.
Numa espécie de autobiografia, Peter Ackroyd pretende trazer uma retrospectiva da vida de Oscar Wilde, desde a infância em Dublin até o exílio em Paris, apropriando-se assim de elementos biográficos e linguísticos do escritor. A linguagem é tão wildeana que facilmente poderia ser considerada escrita pelo próprio Oscar caso o leitor apressadinho ignorasse as orelhas do livro.
Numa espécie de autobiografia, Peter Ackroyd pretende trazer uma retrospectiva da vida de Oscar Wilde, desde a infância em Dublin até o exílio em Paris, apropriando-se assim de elementos biográficos e linguísticos do escritor. A linguagem é tão wildeana que facilmente poderia ser considerada escrita pelo próprio Oscar caso o leitor apressadinho ignorasse as orelhas do livro.
O livro carrega características do gênero diário, como datas, descrições de espaços, horários e outros detalhes que deixam a narrativa mais interessante e próxima da proposta de Ackroyd. A história discorre-se sobre os meses de agosto a novembro, mais precisamente até o dia 30 de novembro de 1900, quando Oscar Wilde falece.
Obviamente, Peter não acordou numa manhã chuvosa de Londres e pensou "hoje eu vou inventar uma história sobre Oscar Wilde", pelo contrário, ele teve um embasamento real - e muito cuidadoso - para falar a respeito da família, dos estudos, da homossexualidade, da prisão e dos últimos momentos do escritor irlandês.
O Testamento de Oscar Wilde é considerado por muitos um dos melhores trabalhos de Ackroyd e após um ano de sua publicação, em 1984, a obra ganhou o Prêmio Somerset Maugham, premiação britânica de literatura.
14 DE AGOSTO DE 1900
O Testamento de Oscar Wilde é considerado por muitos um dos melhores trabalhos de Ackroyd e após um ano de sua publicação, em 1984, a obra ganhou o Prêmio Somerset Maugham, premiação britânica de literatura.
Trechos do livro
"Quando fecho os olhos, sempre vejo minha mãe na mesma posição."( p. 29)
"Em diversas ocasiões, entrava em meu quartinho e recitava coisas de sua própria autoria. Lia trechos de sua tradução de Sidonia, a feiticeira ou de suas baladas [...] Às vezes eu podia sentir o cheiro doce do álcool no seu hálito - desde aquela época, isso sempre me pareceu a companhia natural da poesia." (p. 30)
30 DE AGOSTO DE 1900
"A sociedade me assusta, mas minha solidão me perturba mais ainda. Essa sensação é mais aguda num hotel como este." (p. 74)
8 DE OUTUBRO DE 1900
"A prisão gera estranhos vícios: um deles é a ilusão de que merecemos estar num lugar daqueles, de que pertencemos aquele mundo de silencio e escuridão, como se fossemos uma criatura cega, que vive debaixo da terra. Quando saí da prisão, o céu me ofuscou e fiquei com medo de cair: pela primeira vez em minha vida tive a impressão de que o mundo era grande demais." (p. 199)
8 DE OUTUBRO DE 1900
"A prisão gera estranhos vícios: um deles é a ilusão de que merecemos estar num lugar daqueles, de que pertencemos aquele mundo de silencio e escuridão, como se fossemos uma criatura cega, que vive debaixo da terra. Quando saí da prisão, o céu me ofuscou e fiquei com medo de cair: pela primeira vez em minha vida tive a impressão de que o mundo era grande demais." (p. 199)
ACKROYD, Peter. O Testamento de Oscar Wilde. RJ, Editora Globo, 1987.
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