"O ovo é a alma da galinha. A galinha desajeitada. O ovo certo. A galinha assustada. O ovo certo. Como um projétil parado. Pois ovo é ovo no espaço. Ovo sobre azul. – Eu te amo, ovo."
Na mesa da cozinha temos um ovo e a busca por uma resposta. O ovo e a galinha segue uma linha gastrofilosófica, em que Clarice Lispector convida o leitor para uma viagem ao universo do ovo. Quase um ensaio, um discorrer existencialista que envolve uma grande questão da humanidade, a origem do ovo e da galinha.
Inicialmente, a narrativa prevê a normalidade: “De manhã na cozinha sobre a mesa vejo o ovo”. Mas pensar simploriamente num ovo é ingênuo, Lispector vai muito além, usa da complexidade, fazendo jus de suas tramas psicológicas: "Olho o ovo com um só olhar. Imediatamente percebo que não se pode estar vendo um ovo”. Então surgem as estranhezas que não fogem do título do livro, com questionamentos que fazem parte da busca pela Resposta.
O cão vê o ovo? – Será que sei do ovo? O ovo me idealiza? O ovo me medita?
Uma narrativa num plano tão profundo, metafísico e literário. É uma crise existencial do ovo, logo da autora, que vê o ovo sobre a mesa da cozinha. O ovo e galinha reúne-se aos doze contos do livro A Legião Estrangeira, publicado em 1964 pela Editora do Autor.
LISPECTOR, Clarice. A Legião Estrangeira. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964.
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