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Época Mouco |
Duarte Júnior vai então adotar uma abordagem reflexiva contínua, a posição da arte na escola, a formação docente e a própria essência da arte. Para valorizar e ensinar de forma eficaz, é importante ir além de definições superficiais e abraçar sua complexidade. E é isso que Duarte Júnior propõe neste livro breve, didático e provocativo.
Arte é sentir ou comunicar?
Ele é um artista não tanto em virtude de seus próprios sentimentos, quanto de seu reconhecimento intuitivo de formas simbólicas do sentimento, e sua tendência a projetar conhecimento emotivo em tais formas objetivas. Ao manipular sua própria criação, ao compor um símbolo de emoção humana, apreende, da realidade perceptiva à sua frente, possibilidades da experiência subjetiva que ele não conhece em sua vida pessoal.
(LANGER, Susanne. Sentimento e forma. São Paulo, Perspectiva, 1980, p. 405)
Mas... e a literatura?
Engana-se quem imagina que em matéria de Literatura, o autor defenderá a arte-linguagem. Aqui ele esclarece que a literatura, embora utilize a linguagem verbal, não se limita à transmissão de informações.
A literatura vai explorar ao máximo a linguagem para criar sentido, expressar e evocar emoções com a poesia, por exemplo, assim como as artes plásticas. Nesse sentido, a literatura se torna um laboratório que comprova a tese de Duarte: a arte não é um mero código.
E onde fica a Educação nisto tudo?
Para conhecedores de educação, esta perspectiva se contrapõe à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que categoriza a Arte como uma das linguagens, ao lado de Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Educação Física. No entanto, essa contradição pode ser vista como uma oportunidade para aprofundar a discussão sobre a verdadeira natureza da arte.
Talvez a categorização da arte como linguagem nos documentos oficiais resulte em uma visão utilitarista da arte, que prioriza o desenvolvimento de competências lógicas e pragmáticas, negligenciando o papel crucial da mesma no desenvolvimento integral do indivíduo.
E ainda é comum encontrar-se, nas aulas de arte, a proposta de confecção de presentes para o "dia dos pais", "das mães", "das crianças" etc. Além de, em geral, serem "presentes" pré-fabricados, que o aluno deve recortar, colar e colorir, reforça-se a atitude consumista presente entre nós. Transmite-se, sem questionamentos, uma ideologia de consumo que instituiu semelhantes datas com fins estritamente lucrativos.
A linguagem, embora expressiva e delimitadora, pode, em seus códigos de linhas, formas, cores e contextos, construir algo que, como Duarte Júnior observa, a enquadra em uma visão utilitarista.
Falando em educação, que tal ler Jan D. Matthews: uma nova pedagogia para destruir a escola tradicional
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