Sair catando mato - experiência de leitura As Plantas Curam

Pode parecer tolice compartilhar esta experiência, mas ultimamente tenho me permitido ser mais autêntica do que teórica ao falar sobre livros aqui no blog Pertinências Literárias. Minha leitura mais recente foi no meio do mato, com o livro nas mãos, faminta e sedenta por conhecimento.

Há tempos observo na natureza uma força comparável a de muitos remédios. Não me agrada o termo poder, pois me faz sentir excessivamente crente em algo, inclusive ao me referir a este livro, As Plantas Curam (1992).

Fui à biblioteca em busca de um tema: plantas e seus efeitos benéficos no corpo humano. Foi aí que encontrei As Plantas Curam, um livro de Alfons Balbach, um pastor-escritor como qualquer outro, como C.S. Lewis ou, ainda que não Pastor, mas ligado à religião, Frei Betto (escrevi sobre o clássico necessário Batismo de Sangue aqui).

As plantas que curam

O livro As Plantas Curam destaca-se na literatura atual por sua abordagem singular e quase poética da fitoterapia, um diferencial bem-vindo em um cenário dominado por conteúdos digitais nas redes sociais. Além de seu valioso conteúdo dirigido por uma linguagem mais cuidadosa do que propriamente técnica, o livro proporciona uma experiência sensorial.

As Plantas Curam explorar temas como hidroterapia e a força das plantas da nossa flora. Separadas alfabeticamente e com algumas ilustrações botânicas, Balbach vai detalhando técnicas de preparo para compressas, banhos e poderosos chás, alertando, com todo o cuidado cristão, sobre plantas que podem causar aborto.

Sair catando mato

Quem já leu Na Natureza Selvagem (Into the Wild - para os mais selvagens), de Jon Krakauer, sabe do trágico destino de Christopher McCandless. O herói da modernidade sucumbiu graças a uma espécie de batata venenosa, causando a falência de seus órgãos. McCandless utilizou como referência uma espécie de livro sobre PANCS, plantas alimentícias não convencionais.

Tractatus de Herbis (ca.1440)

Para quem se interessa pelo conhecimento fitoterápico, o livro As Plantas Curam é uma ótima leitura, mas sempre com a GRANDE ressalva de que a orientação de um especialista é indispensável. Antes de se aventurar a colher plantas, é crucial saber que nem todas possuem propriedades benéficas e muitas podem ser tóxicas. 

As batatas, por exemplo, oferecem inúmeras espécies, algumas venenosas, como o caso da. A morte de McCandless foi causada por um alcaloide tóxico presente nas sementes da planta de batata esquimó (Hedysarum alpinum), também conhecida como batata selvagem.

Da mesma forma, trevos do gênero Trifolium, quando mofados, se consumidos em grandes quantidades, são tóxicos para animais. Curiosamente, enquanto o Trevo Azedinha (gênero Oxalis) é prejudicial para felinos, ele é um excelente ingrediente para nossas saladas.

É fundamental procurar um profissional de saúde, como um médico ou fitoterapeuta, antes de iniciar qualquer tratamento com plantas. O acesso às informações corretas sobre as espécies indicadas, as doses seguras e as possíveis interações com outros medicamentos, garantem um uso eficaz e seguro das nossas amiguinhas verdes.

E falando em Into the wild, aproveite para conhecer essa história: Everett Ruess ou O chamado do vento selvagem