Nascemos no mesmo lar, mas não defendemos os mesmos ideais.
Temos o mesmo sangue, mas não sentimos as mesmas coisas.
Sangue, carne, ossos, memória e trauma. (À sombra incômoda da árvore)
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Rubén Bagüés | Unsplash |
A infância é um território que percorremos por toda a vida. Essa frase ressoou profundamente em mim ao ler A Mulher Ferida: em busca de um relacionamento responsável entre homens e mulheres (1997) de Linda Schierse Leonard, uma obra que dialoga com muitas mulheres ao abordar a influência da figura paterna em nossas vidas.
Neste livro, fica evidente que ser mulher é enfrentar um constante pedido de aprovação masculina. Escrevo como filha reprimida por um pai superprotetor, como vítima de agressões físicas e psicológicas de um relacionamento abusivo, como mãe que não fui devido a um aborto espontâneo. Mas, acima de tudo, escrevo como mulher.
A figura paterna e a construção da identidade feminina
Linda Leonard nos guia pela complexa relação entre mulheres e seus pais, mostrando como sua presença dominante ou ausência marcante pode influenciar a formação da nossa personalidade.
Seja qual for a causa, se o pai não estiver disponível para sua filha de modo comprometido e responsável, estimulando o desenvolvimento de suas dimensões intelectual, profissional e espiritual, valorizando sua singularidade feminina, isso resultará em dano ao espírito feminino da jovem.
O excesso de proteção e a subestimação da nossa força interior moldam nossos medos e limitam nossas escolhas. Criam barreiras invisíveis que nos fazem hesitar diante de desafios e nos fazem sentir culpa ao contrariar expectativas familiares e sociais.
Onde quer que haja uma atitude autoritária patriarcal que desvalorize o feminino, reduzindo a um certo número de papéis de qualidades que existem não em função das experiências pessoais das mulheres, mas de acordo com uma visão abstrata em relação a elas, ali encontramos o pai coletivo subjugando a filha pela força, não lhe permitindo crescer de modo criativo a partir de sua própria essência.
Relacionamentos e as repetições
A influência paterna também se reflete nos relacionamentos amorosos - ou relacionamentos abusivos. Muitas mulheres se veem presas a dinâmicas de subjugação e manipulação emocional, tratadas como filhas que precisam ser protegidas e controladas.
Quando se rebelam contra essas regras impostas, são taxadas de irracionais, histéricas ou até mesmo loucas.
A raiva libertadora
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Arièle Bonte | Unsplash |
Por muito tempo, a ira feminina foi reprimida e desacreditada. No entanto, é exatamente essa ira que pode nos impulsionar à transformação.
A ira pode ser uma força essencial para redimir o pai e transformar o feminino.
A raiva diante da injustiça é a força que nos permite romper com padrões machistas e opressores e recuperar nosso próprio poder.
Feliz 8M, meninas & mulheres!
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