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eze_cmf | Unsplash |
Tudo começa em uma praia de Nápoles, onde Leda, uma professora de 48 anos, divorciada e mãe de duas filhas, encontra a pequena Elena perdida e a devolve à mãe, Nina. No entanto, sem motivo aparente, leva consigo a boneca da menina, desencadeando uma série de lembranças e reflexões sobre sua vida pós-maternidade.
O romance retrata o que significa ser mãe em uma sociedade patriarcal, onde a identidade feminina muitas vezes se dissolve na maternidade. Ferrante questiona a exigência social de abdicação total: até que ponto uma mulher pode existir além do papel de mãe?
O corpo de uma mulher faz mil coisas diferentes, dá duro, corre, estuda, fantasia, inventa, se esgota e, enquanto isso, os seios crescem, os lábios do sexo incham, a carne pulsa com uma vida redonda que é sua, a sua vida, mas que empurra você para longe, não lhe dá atenção, embora habite sua barriga, alegre e pesada, desfrutada como um impulso voraz e, todavia, repulsiva como o enxerto de um inseto venenoso em uma veia.
Longe de ser uma negação à maternidade, A Filha Perdida revela a ambiguidade desse vínculo – a culpa, a sobrecarga emocional e as cobranças, que começam antes mesmo do nascimento, ainda na gestação.
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