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Victor Serge nasceu em 30 de dezembro de 1890, em Bruxelas, capital da Bélgica. De origem russo-polaca, era filho de um militante do grupo clandestino russo Zemlya i Volya (Terra e Liberdade).
Com o sangue de revolucionário correndo em suas veias, Serge seguiu os passos do pai e começou sua luta operária aos 15 anos, engajando-se em movimentos anarquistas pela capital belga. Em defesa da classe trabalhadora, exerceu a profissão de jornalista por muitos anos, incluindo durante seu exílio na América Latina.
Expulso do Partido Comunista em 1928, Serge foi preso. Sua experiência no Leningrado e em uma prisão na França, anos antes, inspirou a obra Homens na Prisão. Nesse relato visceral, ele explora a vida nos cárceres, onde o confinamento físico é acompanhado por um aprisionamento psicológico.
A alma? Acho que é um buraco negro onde vive a barata. (p. 86)
O livro descreve a luta por dignidade em um ambiente de violência e solidão. Serge investiga as complexidades das relações humanas dentro da prisão, os pequenos atos de solidariedade e resistência que dão sentido à vida, mesmo nas condições mais adversas. Ele critica o sistema penal como reflexo de uma sociedade injusta e desigual, evidenciando como as prisões são extensões das opressões estruturais existentes fora das grades.
Apenas a razão deve governar o homem. (p. 151)
Além disso, Serge reflete sobre a percepção do tempo no cárcere: como as horas são consumidas e nos consomem, mesmo sendo apenas uma convenção social. O tempo na prisão não é o mesmo que o das pessoas livres, nem é experimentado da mesma maneira na cabeça de cada indivíduo encarcerado.
O tempo passa dentro de nós. O tempo não poderia existir fora do meu pensamento." (p. 169)
Victor Serge deixou um legado político que transcende seu tempo, com olhar crítico e humanista, lembrando-nos da luta incansável e necessária pela liberdade e pela dignidade.
SERGE, Victor. Homens na prisão. Editora Primatur, 2020.
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