Cidadela é, para mim, um dos livros mais sensíveis de Antoine de Saint-Exupéry, escritor francês mundialmente famoso pelo O Pequeno Príncipe.
São mais de seiscentas páginas de um ensaio narrado em primeira pessoa: reflexivo, filosófico, poético - mesmo em estrutura de prosa. A literatura saint-exupéryana - termo que sequer pesquisei se existe na Teoria Literária - é composta de sensibilidade.
A experiência do escritor na Segunda Guerra Mundial recai na maioria de suas obras, fazendo-nos questionar a existência humana diante de um estado de matar ou morrer.
Com Cidadela não foi diferente, uma obra póstuma de quem deixou muito para a cultura literária - e por que não para a humanidade?
Nada é mais verdadeiro nem menos verdadeiro, mas sim eficaz ou menos eficaz.
Tudo se torna caminho, estrada e janela que dá para coisa diferente de nós. Tudo dá para alguma coisa mais vasta que a gente.
Tudo aquilo que não for ascensão ou passagem não tem sentido nenhum.
A vida é tal que se pode ver à luz do dia; não passa de uma mistura de ossos, de sangue, de músculos e de vísceras.
Tu existes e não existes. Tu és e não és. É preciso inventar-te para te descobrir.
As coisas são, muito simplesmente. E quando recorres à tua desajeitada linguagem para te livrares disso e puderes pensar no teu ato futuro, então tudo o que consegues apreender se te afigura contraditório. É nessa altura que intervenho. Não recorro à tua linguagem para demonstrar seja o que for, porque as contradições que te ferem não tem saída. Nem sequer te mostro a falsidade dessa mesma linguagem, porque ela não é falsa, mas incomoda. Convido-te simplesmente a darmos um passeio em que os passos se seguem uns aos outros. Te levo assim até o alto da montanha, onde se resolvem os litígios, e deixo que tu próprio descubras a tua verdade.
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