segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Um texto didático, Um apólogo (Machado de Assis)

Um Apólogo, de Machado de Assis, é um apólogo, um texto com personagens inanimados. A história se desenrola a partir de uma conversa, minimamente narcisista, entre uma agulha e uma linha.

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? 

As duas atravessam a narrativa discutindo sobre a importância de cada uma no processo de costura de um vestido. Entre jogos de orgulhos, as duas defendem seu trabalho na costura do vestido da baronesa.

Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira.

Ao final da narrativa, com características do apólogo (coisas que falam), Machado de Assis, quebra o conceito do gênero. O narrador se revela, por fim, como um alguém que contou esta história para um professor. Para a dor de cabeça da Teoria Literária, a pergunta que fica é: isso é um apólogo? 

Machado de Assis utiliza o conto para explorar a delicada e complexa relação humana. A agulha abre caminho. A linha une. As duas dão forma à costura.

Este apólogo, como seu título deduz (sugestivamente criativo, por sinal), oferece uma ideia final, a vaidade humana. Junto a isso, didaticamente, Machado de Assis também nos ensina a importância do trabalho coletivo, assim como uma andorinha só não faz verão ou um galo só não tece uma manhã!

Leia também: Fascista em pele de porco e a fábula distópica de George Orwell

Um comentário:

  1. Olá querida, aqui é a Professora Cidinha, amo literatura....

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