Esses homens ricos chamavam-se capitalistas. Eram gordos, feios, de caras perversas [...] Os capitalistas eram donos de todo o mundo, e todas as outras pessoas eram escravas deles. Eram donos de toda a terra, todas as casas, todas as fábricas, todo o dinheiro. (ORWELL, 1984)
Vivemos em um Estado, mas acima de tudo, sob o poder dele. O Estado, como um sistema movido por elementos com significância maior ou menor, funciona por suas instituições ou aparelhos, como denomina Louis Althusser. Nós vivemos e transitamos por esses aparelhos. Aqueles aparelhos ou instituições que não agem por meio da repressão física (ARE: Aparelhos Repressivos de Estado), são denominados Aparelhos Ideológicos de Estado (AIE). A forma de repressão dos AIE, é pacífica, ou seja, a ideologia ou um conjunto de ideias e ideais são impostos ou disseminados pela manipulação.
Tanto públicas como privadas, essas instituições funcionam por um interesse muito mais próprio do que comum, são negócios travestidos de políticas públicas, causas sociais, trabalhistas e etc. E o discurso ideológico sob às massas é crucial, servindo como um motor para o faturamento de magnatas.
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| NDSM shipyard | Amsterdã |
Por exemplo, pode-se notar a ação dos aparelhos estatais, muitas vezes repressivos e ideológicos, através dos Ministérios, no romance 1984, de George Orwell. Os Ministérios ficam incumbidos de funções governamentais: o Ministério da Paz e o Ministério do Amor podem ser considerados ARE, que agem pela violência física; o Ministério da Verdade ocupa-se das notícias e da cultura para as massas e o Ministério da Fartura é responsável pela economia.
O Ministério da Verdade é, talvez, o mais interessante a se pensar aqui, pois sua força é o discurso. Encarregado de modificar os fatos escritos num passado incerto, o protagonista do romance, Winston, se depara com o passado e o presente totalmente contraditórios. Nota-se, então, a força da palavra, carregada de significados, carregada de ideologias. Althusser diz que a ideologia constitui um sujeito, sendo assim, ela transforma. E eis o poder disso!
Todo aparelho é concebido por ideologias, por exemplo, a mídia: que junto à política, pode disseminar ideologias progressistas ou conservadoras, junto à publicidade impõe padrões estéticos e de consumo. Há também as escolas, que discursam sobre teorias tradicionais de ensino, ou seja, através da cultura ordenada, impõe-se questões morais, éticas e capitalistas, essenciais a formação do sujeito moderno.
Para Althusser, os aparelhos, bem como o Estado, só possuem sentido na luta de classe. Sendo assim, Winston, como um mero funcionário do governo e moldado dentro do Estado, passa por uma espécie de “embate” entre as perversidades do sistema em que vive desde a infância.
Referências Literárias:
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de Estado
ORWELL, George. 1984
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