sexta-feira, 3 de junho de 2022

O experimento de Mary Shelley

Victor Frankenstein and his creature (Theodore von Holst
,1831)

Em 1818, a escritora britânica Mary Shelley publicou o clássico Frankenstein ou O Prometeu moderno (Modern Prometheus). Shelly comecou a escrever este clássico em 1815, apenas com 18 anos de idade. Frankenstein é um trabalho gótico pela sua descrição de espaço, o tema de terror e mistério e o drama sentimentalizado. Não podemos esquecer, também, do caráter futurista da obra, com a apropriação de elementos científicos dentro de um romance de terror.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

A fúria dos meninos (O senhor das moscas)

Ilustração de Nina Schindlinger

Lord of the flies ou O Senhor das Moscas é uma novela distópica e selvagem, escrita pelo britânico William Golding (1911-1993) e publicada em 1954, às sombras das memórias da Segunda Guerra Mundial, a mesma que o autor serviu em 1941.

O romance apresenta-se como uma distopia que pode soar infantojuvenil, pela faixa etária dos personagens - crianças -, mas no decorrer da trama, é revelada a brutalidade presente em um romance dito adulto. O cenário político da narrativa é de um Estado em guerra nuclear, e os meninos, por sorte ou azar, após a queda do avião que os levava, se salvaram de uma bomba atômica.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Feminismo sem floreios: O que é feminismo?


Publicado 1984, O que é feminismo?,  livro que se une aos inúmeros títulos da Coleção Primeiros Passos, traz a leitora e ao leitor uma conceitualização que vai além do didatismo e os floreados discursos do dia 8 de março sobre a luta da mulher pelos seus direitos. 

Jacqueline Pitanguy e Branca Moreira Alves são as autoras do livro, que é resultado de estudos, apresentados com dados históricos por meio de uma linguagem acessível, direta e cheia de referências indispensáveis para quem quer se aprofundar no assunto e conhecer melhor as bases que sustentaram e ainda sustentam os movimentos feministas pelo mundo. 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

O poder da poesia na Sociedade dos Poetas Mortos

Dead Poets Society ou Sociedade dos Poetas Mortos é um filme contemplativo. Dirigido pelo australiano Peter Weir em 1989, que carrega na bagagem o brilhante e dramático The Truman Show (O Show de Truman), de 1998. Como neste mesmo filme, Weir nos faz refletir sobre um tema pertinente - vida e arte e o que nós fazemos com ela. Dead Poets Society fortalece a importância da sexta arte (literatura) para a sociedade. O filme também trata da relação professor-aluno, tendo como cenário o ensino autoritário. 

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Dublinenses: desesperança em Dublin


Mais do que uma coletânea de contos carregadas de peculiaridades jamesjoyceanas, Dubliners ou Dublinenses, carrega a geografia e os costumes da capital irlandesa.

São 15 contos que marcam o século passado, entre 1904 e 1907. Pontuarei apenas duas narrativas das quinze, sendo The boarding house (A pensão) e Little cloud (Uma pequena nuvem).

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Requisitos para tecer uma manhã - análise de "Tecendo a manhã" (João Cabral de Melo Neto)




Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito de um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

A graça da Grécia por Henry Miller (O Colosso de Marússia)


Publicado em 1941, O Colosso de Marússia (Colossus of Marussi) é um relato de viagem apaixonado sobre a Grécia, escrito por Henry Miller. Apesar de ser categorizado como literatura de viagem, Miller mistura seu relato de viagem a um ensaio transcendental, reafirmando a significância e o lugar do eu no tempo e espaço.

terça-feira, 31 de março de 2020

Paris dos plongeurs / Orwell

Você deve notar que não tem mais tutu
E dizer que não está preocupado
Você deve lutar pela xepa da feira
E dizer que está recompensado

Comportamento Geral - Gonzaguinha



Paris by Night (1933) / Brassaï
A miséria sempre cai à tona como pauta da ficção e da realidade. Down and Out in Paris and London (1932) - Na pior em Paris e Londres - é um relato do submundo londrino e parisiense do escritor inglês George Orwell.

Crítico voraz do capitalismo, Orwell tem em mãos uma arma: arte da palavra. Da mesma forma que descreve sua vida nas ruas e albergues de Londres ou como lavador de pratos em Paris, ele denuncia a fome e a pobreza consequentes do capitalismo. Viver em breus, contar francos, vender pertences em troca de pão e chá. Este relato não foge das ficções do autor, impacta como uma distopia e apresenta recortes da pobreza e da alienação social dos escravos modernos.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Everett Ruess ou O chamado do vento selvagem


 "Viver é ser feliz, despreocupado, ser dominado pela glória de tudo. Não ser feliz é uma morte em vida. Sozinho, me atiro ao céu, lanço meu desafio e grito a canção dos vencedores aos quatro ventos, à terra, ao mar, ao sol, à lua e às estrelas. Eu vivo!"
Trecho da carta de Everett Ruess ao seu amigo Bill Hughes, de 5 de maio de 1934

Nos anos da Grande Depressão, Everett Ruess (1914-1934/Oakland, Califórnia), um jovem insatisfeito com a vida que a maioria das pessoas levavam, quis viver à sua maneira. Seus objetivos eram desfrutar das paisagens do oeste americano, absorver impressões e experiências e manifestá-las tanto na pintura como na escrita. E os fez com sucesso, pelo menos até onde pôde.

sábado, 2 de fevereiro de 2019

William Wordsworth: uma ode à natureza

Alvan Fisher (1792-1863)- Pastoral Landscape (Paisagem Pastoril) 

O campo é a paisagem preferida para muitos poetas românticos, que agoniados com ar citadino, vão à relva procurar abrigo para a alma.

William Wordsworth compõe este quadro romanesco de escritores que expressaram um certo fascínio pela natureza. Wordsworth nasceu em 7 de abril de 1770, na cidade inglesa de Cockermouth. A poesia wordsworthiana é construída de forma simples. Sendo um poeta visual, contempla as descrições de espaço, e simples de linguagem, atento não às construções de floreios metafóricos que carregam o romantismo classicista, mas sim às descrições de paisagens e de sentimentos, de forma clara, coloquializada, penetrando literariamente na consciência do leitor.