Atira para o mar as tuas coisas
abandona os teus pais
muda de nome
esquece a pátria
parte sem bagagem
fica mudo e ensurdece
abre os teus olhos.
Se o teu amor não vale tudo isso
então fica onde estás
gelado e quieto.
O amor só sabe ir de mãos vazias
e só vale se for
o único projeto.
segunda-feira, 19 de maio de 2025
Para cortar as amarras: Atira para o mar (Renata Pallottini)
segunda-feira, 12 de maio de 2025
Tristessa: amar também é para os beats (Kerouac)
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Aquiles Carattino | Unsplash |
Eu poderia, com toda a minha experiência literária e de vida em frustrações amorosas, dizer que esta foi uma paixão de cinema. Feroz, quente, carnal e frustrante. Quando Jack Kerouac se apaixonou por Tristessa, era certo que - não daria certo - seria uma paixão de tirar o fôlego até o fim.
Foi na Cidade do México que tudo começou. Bebidas, saco de dormir, dores e Tristessa. Tristessa foi uma prostituta mexicana viciada em morfina, com quem Karouac se relacionou na década de 50.
segunda-feira, 5 de maio de 2025
Nem tudo é sobre humor: charges, cartuns e tirinhas
Nem tudo é sobre fazer rir. Charges, cartuns, tirinhas ou, simplesmente, histórias em quadrinhos, são comumente associadas ao universo infantil ou geek. No entanto, se folhearmos os jornais - como na moda antiga - ou abrirmos a rede social mais próxima para observar que estes gêneros vão muito além do universo Marvel ou Disney.
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Gabriel Dantas | @bifedeunicornio |
Charges, cartuns e tirinhas nos fazem rir mas também refletir, seja para falar de política, celebridades e até mesmo comportamento social.
segunda-feira, 28 de abril de 2025
A nossa existência em "Danúbio" (Cladio Magris)
Se há uma coisa que não posso suportar é pensar que tudo isto amanhã será história. (Magris)
Quantas pontes deveremos atravessar para perceber a infinidade da nossa História? Danúbio é o rio que corta a porção central do continente europeu. E Danúbio é o título do livro de Claudio Magris, publicado em 1986, nos minutos finais da URSS.
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Ponte UFO, construída na URSS em Bratislava (Eslováquia) |
sexta-feira, 25 de abril de 2025
O que restou do Itabirito
Minas Gerais é o berço da mineração no país e também do poeta Carlos Drummond de Andrade. Em 1965, ele escreveu um poema-alerta sobre o Pico Itabirito, um amontoado rochoso constituído de minério de ferro com aproximadamente 1586 metros de altura.
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Pico Itabirito em 1956 | Vitto Rocco Melillo / IEPHA-MG |
O Pico Itabirito está localizado na região da Serra das Serrinhas em Itabira, uma cidadezinha no centro de Minas Gerais. O Pico encontra-se em uma área potencialmente atrativa para as mineradoras de ferro. Em 1940, o terreno foi vendido para uma companhia britânica de mineração e atualmente pertence à Vale.
segunda-feira, 21 de abril de 2025
Althusser, Orwell e os Aparelhos Ideológicos do Estado
Esses homens ricos chamavam-se capitalistas. Eram gordos, feios, de caras perversas [...] Os capitalistas eram donos de todo o mundo, e todas as outras pessoas eram escravas deles. Eram donos de toda a terra, todas as casas, todas as fábricas, todo o dinheiro. (ORWELL, 1984)
Vivemos em um Estado, mas acima de tudo, sob o poder dele. O Estado, como um sistema movido por elementos com significância maior ou menor, funciona por suas instituições ou aparelhos, como denomina Louis Althusser. Nós vivemos e transitamos por esses aparelhos. Aqueles aparelhos ou instituições que não agem por meio da repressão física (ARE: Aparelhos Repressivos de Estado), são denominados Aparelhos Ideológicos de Estado (AIE). A forma de repressão dos AIE, é pacífica, ou seja, a ideologia ou um conjunto de ideias e ideais são impostos ou disseminados pela manipulação.
sexta-feira, 18 de abril de 2025
Vou me embora para Tatipirun
Se existe uma terra onde todos são livres, sem julgamentos, sem guerra e sem amo é Tatipirun. Eu te garanto! Essa terra foi inventada por Raimundo, o herói dos oprimidos em A terra dos meninos pelados.
A terra dos meninos pelados é um livro escrito por Graciliano Ramos logo após ser libertado da prisão em Ilha Grande no ano de 1937. Nacionalmente conhecido por Vidas Secas (1938), o amargurado clássico da cadelinha Baleia, o livro em questão contrasta-se por ser uma obra infantojuvenil.
Ué! Mas feito fábula pra adultos, é tão necessário quanto Monteiro Lobato, Andersen, Orwell e outras recomendações da farmácia universal de literatura. Graciliano Ramos - pegue esta indicação.
segunda-feira, 14 de abril de 2025
A força llanera em "Dona Bárbara" (Rómulo Gallegos)
Llanura venezuelana! Propícia para o esforço, como foi para a façanha, terra de horizontes abertos, onde uma raça boa ama, sofre e espera!...
sexta-feira, 11 de abril de 2025
A angústia cotidiana em "Os Ratos" (Dyonélio Machado)
Publicado em 1935, Os Ratos, de Dyonélio Machado, é um romance que mergulha na ansiedade de um homem comum diante de uma dívida aparentemente banal, mas devastadora. O protagonista, Naziazeno, representa o cidadão urbano sem privilégios, esmagado pelo sistema e pela obrigação de pagar o leiteiro.
segunda-feira, 7 de abril de 2025
Diálogo literário entre Andersen e Dostoievski
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jarmoluk | pixabay |
Em 1846, o renomado escritor dinamarquês Hans Christian Andersen publicou o famoso conto A pequena vendedora de fósforos. Dezenove anos depois, em 1865, o aclamado autor russo Fiodor Dostoievski lançou A árvore de Natal na casa de Cristo, uma obra que muitos consideram a "versão masculina" da narrativa de Andersen.
Entretanto, afirmar que Dostoievski apenas reescreveu a história de Andersen, substituindo a protagonista por um menino, seria uma simplificação excessiva.