segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Alberto Caeiro: o poeta da natureza

Alberto Caeiro, o famoso Guardador de Rebanhos, é um dos heterônimos mais icônicos de Fernando Pessoa. Caeiro nasceu para a simplicidade pura e a conexão direta com a natureza

Não teve profissão, nem educação quase alguma, só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos.

(Trecho da carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, de 13 de Janeiro de 1935.)

Este heterônimo é apresentado como um homem que viveu no campo, sem grandes ambições ou formações acadêmicas.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Jan D. Matthews: uma nova pedagogia para destruir a escola tradicional

O livro Para Destruir a Escolarização, de Jan D. Matthews, é um convite para uma reflexão profunda sobre a pedagogia clássica e moderna, questionando suas bases e relevância no mundo contemporâneo. Será mesmo que a "nova escola" é nova? E que ela ainda seja capaz de atender às demandas do indivíduo -  algum dia ela realmente atendeu?

Ken Elias (1977)

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

A maldade humana em “O Demônio da Perversidade” (Poe)

Publicado em julho de 1845, O Demônio da Perversidade é uma obra de Edgar Allan Poe que começa como um ensaio filosófico, mas se transforma em uma narrativa envolvente. Combinando elementos psicológicos e metafísicos, o conto explora as profundezas da mente humana e a inquietante atração pelo autossabotagem.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

A memória e a saudade em “Istambul” (Orhan Pamuk)

danilowoz (2022)
O que permanece e o que já se perdeu entre esquinas, festas de aniversário e encontros? O passado deixa marcas, evocando a nostalgia que nos acompanha.  

O livro Istambul: memória e cidade (2003), do escritor Nobel Orhan Pamuk, é uma obra profundamente impregnada pelo sentimento de saudade, que se revela tanto na relação do autor com a cidade quanto em sua própria trajetória pessoal. 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

“The Flea”, de John Donne: a poesia metafísica em destaque

Foto de CDC - Unsplash

Parece que foi ontem a aula de Literatura Inglesa... Hoje, revisito com você um dos grandes expoentes da poesia metafísica: o poeta-pastor quinhentista John Donne (1572-1631). Protestante, nascido em Londres, Donne é conhecido por sua habilidade em transformar conceitos cotidianos em metáforas profundas. 

Um exemplo clássico dessa habilidade está no poema The Flea ou A Pulga, onde um simples inseto se torna o centro de uma reflexão sobre amor, desejo e as convenções sociais.  

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

A angústia prisional de Victor Serge

Foto de Vanessa Werder en Unsplash

Victor Serge nasceu em 30 de dezembro de 1890, em Bruxelas, capital da Bélgica. De origem russo-polaca, era filho de um militante do grupo clandestino russo Zemlya i Volya (Terra e Liberdade).

Com o sangue de revolucionário correndo em suas veias, Serge seguiu os passos do pai e começou sua luta operária aos 15 anos, engajando-se em movimentos anarquistas pela capital belga. Em defesa da classe trabalhadora, exerceu a profissão de jornalista por muitos anos, incluindo durante seu exílio na América Latina.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

A paixão de Sarrasine em Balzac

Publicado em 1830, Sarrasine, do escritor francês Honoré de Balzac, é um conto que combina romance e crítica social, abordando questões de gênero, idealização do amor e a fragilidade das paixões (e relações) humanas.
Eu estava mergulhado em um daqueles devaneios profundos que dominam todo mundo, até um homem frívolo, no coração das festas mais tumultuosas. (p.7)
A narrativa começa em um luxuoso salão parisiense onde o narrador se depara com um senhor misterioso e cheirando a cemitério, como um dos personagens o descreve. Após indagações, o que fica se sabendo é a história de  um escultor francês do século XVIII, chamado Sarrasine.

sábado, 14 de dezembro de 2024

O feminino em voga: As Três Marias - Rachel de Queiroz

Três mulheres, três Marias: Maria Augusta, Maria José e Maria da Glória. Três meninas enviadas a um colégio interno de freiras, onde constroem uma amizade profunda, marcada por segredos, cumplicidade e os sonhos típicos da juventude. Apesar da rigidez do internato, as três meninas encontram conforto e apoio umas nas outras, formando um fio de amizade que se estende até a vida adulta. 

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

O direito de deitar na grama

 


Deitar na grama carrega em si a essência da preguiça e da liberdade. Não vagabundeei o suficiente, mas o pouco que experimentei foi suficiente para perceber que deitar — seja na grama, no ponto de ônibus, no banco da rodoviária, no parque ou em qualquer espaço minimamente confortável e aparentemente seguro, exige audácia, especialmente quando você é mulher.

O conto Moça deitada na grama, pois assim o interpreto, muito mais que crônica, que dá título ao livro de Carlos Drummond de Andrade, apresenta uma heroína urbana movida pela vontade e satisfação de ser o que bem deseja naquela tarde. Um ato simplório, mas implorável de se repetir, no patriarcado que se sobressai até hoje: uma mulher sozinha deitar na grama ou, simplesmente, o encontro do corpo com a tranqüilidade, fruída em estado de pureza.

sábado, 9 de novembro de 2024

Torto Arado: sobre mulheres fortes

É um livro sobre mulheres fortes. Foi o que Carla disse quando me sugeriu Torto Arado (2019) de Itamar Vieira Junior. E sobre ser uma mulher forte, eu acredito no meu potencial destrutivo e regenerativo em 28 anos de vida.

A cena da faca ainda permanece na minha mente, talvez a mais forte da Literatura  (sim, com L maiúsculo),  superando até mesmo o salto de Anna Karenina sob a plataforma de trem.

Torto Arado é a vida sofrida em sua amálgama de terra, fome, excesso de patriarcado, sangue e traumas. Transita entre coragem e medo, entre sobreviver e fazer valer o que bate dentro de nós - mulheres ou homens. Mas, principalmente: mulheres.


Cada mulher sabe a força da natureza que abriga na torrente que flui de sua vida.