Orwell, neste pequeno romance, utiliza os recursos de fábula e com sua maestria satírica, veste proletários, ditadores e tiranos em peles de porcos, cavalos e outros animais. Isso tudo para denunciar, com toda licença poética que lhe foi permitida, os ciclos de opressão e poder na Historia mundial.
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
Fascista em pele de porco e a fábula distópica de George Orwell
segunda-feira, 28 de julho de 2025
Cuidado com os Capitães da Areia
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Joshua Woroniecki | Unsplash |
Em poucas páginas, os garotos de rua tomam o leitor de assalto, não com violência gratuita, mas com a urgência de quem nunca teve tempo para ser criança.
Desde pequenos, na arriscada vida da rua, os Capitães da Areia eram como homens, eram iguais a homens. Toda a diferença estava no tamanho. No mais, eram iguais: amavam e derrubavam negras no areal desde cedo, furtavam para viver como os ladrões da cidade. Quando eram presos apanhavam surras como os homens. Por vezes assaltavam de armas na mão como os mais temidos bandidos da Bahia. Não tinham também conversas de meninos, conversavam como homens. Sentiam mesmo como homens. Quando outras crianças só se preocupavam com brincar, estudar livros para aprender a ler, eles se viam envolvidos em acontecimentos que só os homens sabiam resolver. Sempre tinham sido como homens, na sua vida de miséria e de aventura, nunca tinham sido perfeitamente crianças. (p. 244)
segunda-feira, 21 de julho de 2025
Primavera Negra, a estação mais vazia de Henry Miller
Agora eu nunca estou sozinho. Na pior das hipóteses estou com Deus!
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Alexander Zvir | Unsplash |
segunda-feira, 14 de julho de 2025
A cor triste de Tsukuru Tazaki ou notas de Murakami
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Lex Sirikiat | Unsplash |
segunda-feira, 7 de julho de 2025
A tristeza da imortalidade no conto "Centauro" de José Saramago
A figura do centauro nos remete à força, mas na lenda de Quíron, esta criatura mitológica apresenta uma faceta sombria. Ferido por uma flecha envenenada, a natureza o condenou a um sofrimento eterno. Quíron jamais morreria.
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Biblioteca Pública de Boston | Unsplash |
A solidão dos dias eternos em Centauro de José Saramago
No conto Centauro, José Saramago parece dialogar com essa angústia da eternidade de Quíron. Longe do heroísmo atribuído a outros centauros, o protagonista carrega o peso de uma fadiga de séculos e milênios, uma exaustão que vai além do físico e atinge a sua essência e sua existência híbrida.
O tempo foi passando. Por fim, já não lhe sobrava terra para viver com segurança. Passou a dormir durante o dia e caminhar de noite. Caminhar e dormir. Dormir e Caminhar. Sem nenhuma razão que conhecesse, apenas porque tinha patas e sono. Comer não precisava. E o sono era necessário para que pudesse sonhar. E a água, apenas porque era a água.
segunda-feira, 30 de junho de 2025
A memória coletiva em O livro do riso e do esquecimento (Kundera)
segunda-feira, 23 de junho de 2025
Farmácia Literária: a cura pelo livro
Libreria Acqua Alta em Veneza |
A biblioterapia é a prática de usar a literatura como ferramenta de cura emocional e autoconhecimento.
Combinando elementos da psicologia com o poder transformador da arte literária, Farmácia Literária se torna um verdadeiro guia de prescrição de livros — uma espécie de manual para a alma em tempos de crise, dúvida, tristeza ou alegria.
Neste livro, cada sintoma vem acompanhado de uma sugestão literária cuidadosamente escolhida. Está com o coração partido? Sofrendo de ansiedade? Sentindo-se perdido ou precisando de inspiração? Há um livro certo para cada estado de espírito! São mais de 400 opções de livros para cada tipo de sentimento.
segunda-feira, 16 de junho de 2025
Lições de "Cidadela" - Antoine de Saint-Exupéry
Cidadela é, para mim, um dos livros mais sensíveis de Antoine de Saint-Exupéry, escritor francês mundialmente famoso pelo O Pequeno Príncipe.
São mais de seiscentas páginas de um ensaio narrado em primeira pessoa: reflexivo, filosófico, poético - mesmo em estrutura de prosa. A literatura saint-exupéryana - termo que sequer pesquisei se existe na Teoria Literária - é composta de sensibilidade.
segunda-feira, 9 de junho de 2025
Junot Díaz e a fantástica família dominicana
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A capital Santo Domingo (Ronald Vargas | Unsplash) |
segunda-feira, 2 de junho de 2025
"Batismo de Sangue" e a esquerda católica no Brasil
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Maria Fernanda Pissioli | Unsplash |
Publicado em 1982, Batismo de Sangue: guerrilha e morte de Carlos Marighella, do frade Frei Betto, é um valioso registro histórico para compreendermos a silenciosa atuação da esquerda católica durante a Ditadura Militar no Brasil. A atuação deste grupo foi profundamente marcada pela compaixão cristã, um pilar de amor, mas também de ação e revolta.
Longe de se manter alheia à repressão, uma parcela significativa da Igreja Católica brasileira teceu uma rede de proteção que acolheu militantes perseguidos de todo o país e, inclusive, de outros Ditaduras pela América do Sul, oferecendo-lhes refúgio e apoio em face da violência estatal.