sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Existência e revolta: O homem revoltado (Camus)

Um rosto mais do que humano, triste como o universo, belo como o suicídio.
| collage: delírio recortado

O que é um revoltado? Um homem que diz não.

Falar sobre revolta é abordar a própria essência da existência humana. Desde o nascimento até a morte, vivemos em uma constante batalha de ideias, onde a mente se confronta com discursos que aceitamos ou rejeitamos, moldando nossa forma de conviver em sociedade.

Em o Homem Revoltado, Albert Camus não oferece respostas simples à vida. Ele convida à reflexão sobre a complexidade da existência, onde a revolta não é apenas um ato de oposição, mas uma declaração de que a vida, apesar de tudo, deveria ser vivida com consciência e resistência.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Neurose de um homem só em “A Miniatura” (Elisa Palatnik)

A Miniatura (2005) é um romance cativante que combina humor ácido e suspense intrigante, escrito por Elisa Palatnik. A trama gira em torno de Emílio, um miniaturista introspectivo e neurótico que vive uma relação peculiar com Inês, sua namorada misteriosa - e alta!

Etactics Inc - Unsplash

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

O que é leitura: reflexões sobre letramento

Entre os clássicos da Editora Brasiliense, destaca-se O que é Leitura, de Maria Helena Martins, pesquisadora na área de linguagens. A obra oferece uma análise profunda sobre letramento, destacando a crise da leitura que perdura há décadas. Para a autora, a habilidade de ler vai além da simples decodificação de palavras, envolve também a compreensão dos significados por trás das letras, da palavra escrita, palavra dita e da palavra viva. 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

A floresta sombria na mente de Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe é o mestre do suspense e da melancolia. Sendo capaz, se a sua insanidade permitir, de invadir seus sonhos com narrativas sombrias, onde paredes escondem segredos terríveis e corvos ganham um ar assassino. Na edição Poe: poemas e ensaios (1999) da Editora Globo, os poemas e ensaios são reunidos para explorar os aspectos mais melancólicos de sua obra, sem abandonar o estilo mórbido que marcou sua trajetória.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Zygmunt Bauman: liberdade líquida em tempos modernos

Eu estava tão feliz, eu podia chafurdar na lama e aquecer-me ao sol, eu podia comer e beber, grunhir e guinchar, e estava livre de meditações e dúvidas: “O que devo fazer, isto ou aquilo?”. Por que vieste? Para jogar-me outra vez na vida odiosa que eu levava antes?

Escrevo o rascunho deste texto à mão, sentada à beira-mar em uma praia quase deserta. Hoje, optei por uma vida mais analógica, enquanto reflito sobre leitura e liberdade, inspirada pelo livro Modernidade Líquida (1999), de Zygmunt Bauman. Em tempos de consumismo desenfreado e imediatismo digital, essa escolha parece quase uma rebeldia.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

O Bilhete Premiado (Tchekhov): quando a felicidade encontra a fragilidade

@disparates.aglomerados

Anton Pavlovitch Tchekhov
(1860 – 1904) nasceu em Tagarong, cidade litorânea da Rússia, mais tarde foi para Moscou estudar medicina. Para se sustentar, escrevia em periódicos, a maioria de seus escritos da época (entre 1880) eram humorísticos. Por alguns anos atuou na área da medicina, mas entre 1885-87 Tchekhov decidiu se aprofundar na literatura e com uma temática mais séria. Foi em 87 também que ele escreveu O Bilhete Premiado.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Desertores da estética | PIXAÇÃO: A arte em cima do muro

Contra o muro podem
Islington, Londres 

encostar-se indivíduos 
em ato de fuzilamento.
Também se pode em um muro
dizer, em cartazes ou letras 
pintadas, palavras como “Paz”, “Merda” ou “Viva a Democracia". 
Mas há o outro lado:
O lado de um muro onde moram as pessoas 
que amam, trabalham e sofrem 
– por sobre o qual (lado) 
se acredita a linha estendida 
de um presente mar-horizonte 
na distancia interior 
dos sonhos e das criações.
Silveira de Souza / Hassis

ARTE. Como uma palavra tão curta pode carregar tantos significados e preconceitos, não é mesmo? Quando pensamos na arte marginalizada da pixação e a comparamos com o graffiti, fica claro como manifestações artísticas similares geram percepções opostas. A pixação, com seu caráter rebelde, confronta diretamente o graffiti, muitas vezes confundido com ela.

PIÁ, Joinville (SC)

Luiz Henrique Pereira Nascimento — filósofo, ativista, professor e artista — dedicou três anos ao estudo da pixação e lançou o livro PIXAÇÃO: A arte em cima do muro (2015), no qual aborda profundamente essa forma de arte marginalizada feito pelos pichadores, desertores da estética artística tradicional.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Byron e o orgulho de guerra

Theodoros Vryzakis (Domínio Público)

O poema Neste dia eu completo meu 36º aniversário foi escrito por Lord Byron em 1824, durante seus últimos dias na Grécia, enquanto lutava pela independência do país. É uma obra profundamente introspectiva, que reflete o estado emocional do escritor inglês  em sua maturidade, marcada por arrependimentos, solidão e uma busca por propósito.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Análise breve de Misto-quente (Bukowski)

Heinrich Karl Bukowski nasceu em Andernach, Alemanha, em 1920. Aos 3 anos, mudou-se para os Estados Unidos. Pequeno demais para viver a Era do Jazz, Bukowski seguiu por linhas mais outsiders e mundanas. Viveu por 50 anos em Los Angeles e faleceu em 9 de março de 1994, aos 73 anos.  

Joshua Coleman - Unsplash
Conhecido literalmente como Charles Bukowski, o escritor publicou seu primeiro conto aos 24 anos. Sua literatura é marcada por um tom autobiográfico, abordando temas e personagens marginais, como prostitutas, sexo, alcoolismo, pessoas miseráveis e experiências escatológicas.  

Seu romance Ham on Rye (1982), em português Misto-quente um exemplo e resumo notável de sua literatura. Trata-se de um romance semi-autobiográfico que apresenta Henry Chinaski, o alterego de Bukowski. 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Alberto Caeiro: o poeta da natureza

Alberto Caeiro, o famoso Guardador de Rebanhos, é um dos heterônimos mais icônicos de Fernando Pessoa. Caeiro nasceu para a simplicidade pura e a conexão direta com a natureza

Não teve profissão, nem educação quase alguma, só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos.

(Trecho da carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, de 13 de Janeiro de 1935.)

Este heterônimo é apresentado como um homem que viveu no campo, sem grandes ambições ou formações acadêmicas.